terça-feira, 26 de julho de 2011

Somos o povo borra-botas?

Publicado no Jornal da Cidade (Bauru) em 26/07/2011

Somos o povo borra-botas?


imagem meramente ilustrativa
Era uma vez um país encantado. Era um país que sonhava ser de Primeiro Mundo, mas acordava babando no travesseiro do Terceiro Mundo... Sonhava com saúde e educação... mas que pena! nem médico tinha no plantão, nem fé na educação.

Este país encantado sonhava celebrar em arquitetura espantosa, a apoteose de eventos mundiais; sonhava embalado em trem-bala e no pó tipo exportação. Sonhava com bandido preso, e não premiado com cargo no Congresso; sonhava que criança ía à escola para ler, escrever... sonhava que os escritores é que eram premiados pela Academia de Letras, (ao invés de jogador de futebol)...

Bom... depois de tanto sonhar um país, acordamos na manhã do último 07 de julho, sacudidos com a intrigante pergunta do jornalista espanhol Juan Arias em artigo publicado no famoso El País:por que os brasileiros não reagem diante da notória corrupção de seus políticos?


segunda-feira, 25 de julho de 2011

entorpecente politicamente correto


entorpecente 'politicamente correto'

Hoje é bonito ser politicamente correto... sair em defesa das minorias, dizer "não" ao preconceito, defender a reciclagem do lixo e criticar a caça às baleias...


basta aderir a um desses discursos para ser logo aplaudido...


O próximo candidato a "discurso politicamente correto" do mês é o da "liberação do uso da maconha". 

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Ritos Corporais entre os Nacirema


Você conhece o famoso texto "Ritos Corporais entre os Nacirema"?

Seu autor registra a existência de um povo muito estranho, de comportamentos bizarros e exóticos...

imagem meramente ilustrativa




esta imagem é meramente ilustrativa












A leitura atenta do texto indicado abaixo constitui um ótimo exercício para compreender os limites do discurso antropológico e verificar como o etnocentrismo pode influenciar nossa narrativa e interpretação do fenômeno antropológico.


RITOS CORPORAIS ENTRE OS NACIREMA



Horace Miner In: A.K. Rooney e P.L. de Vore (orgs) YOU AND THE OTHERS - Readings in Introductory Anthropology (Cambridge, Erlich) 1976

O antropólogo está tão familiarizado com a diversidade das formas de comportamento que diferentes povos apresentam em situações semelhantes, que é incapaz de surpreender-se mesmo em face dos costumes mais exóticos. De fato, se nem todas as combinações logicamente possíveis de comportamento foram ainda descobertas, o antropólogo bem pode conjeturar que elas devam existir em alguma tribo ainda não descrita.  
Deste ponto de vista, as crenças e práticas mágicas dos Nacirema apresentam aspectos tão inusitados que parece apropriado descrevê-los como exemplo dos extremos a que pode chegar o comportamento humano. Foi o Professor Linton, em 1936, o primeiro a chamar a atenção dos antropólogos para os rituais dos Nacirema, mas a cultura desse povo permanece insuficientemente compreendida ainda hoje.  
Trata-se de um grupo que vive no território entre os Cree do Canadá, os Yaqui e os Tarahumare do México, e os Carib e Arawak das Antilhas. Pouco se sabe sobre sua origem, embora a tradição relate que vieram do leste. Conforme a mitologia dos Nacirema, um herói cultural, Notgnihsaw, deu origem  à sua nação; ele é, por outro lado, conhecido por duas façanhas de força: ter atirado um colar de conchas, usado pelos Nacirema como dinheiro, através do rio Po- To- Mac e ter derrubado uma cerejeira na qual residiria o Espírito da Verdade.  
A cultura Nacirema caracteriza-se por uma economia de mercado altamente desenvolvida, que evolui em um rico habitat. Apesar do povo dedicar muito do seu tempo às atividades econômicas, uma grande parte dos frutos deste trabalho e uma considerável porção do dia são dispensados  em atividades rituais. O foco destas atividades é o corpo humano, cuja aparência e saúde surgem como o interesse dominante no ethos deste povo. Embora tal tipo de interesse não seja, por certo, raro, seus aspectos cerimoniais e a filosofia a eles associadas são singulares.