quarta-feira, 26 de junho de 2013

Somos o povo borra-botas?- parte II

Opinião1 - Jornal da Cidade - Bauru

Somos o povo borra-botas?

parte II


Há dois anos (edição do JC de 26/7/2011*), escrevi um texto buscando responder à intrigante pergunta do jornalista espanhol Juan Arias, no jornal El País: por que os brasileiros não reagiam diante da corrupção de seus políticos?

Só para citar os casos mais recentes: estádios padrão-Fifa (pagos com o nosso suor) e escolas padrão-Etiópia; enquanto isso, agentes políticos e entidades classistas defendendo a venenosa PEC da impunidade (PEC 37), vil atentado à cidadania... violência descontrolada nas ruas e nas escolas públicas, enquanto deputados perdem tempo em manobras para diluir as penas dos mensaleiros e para introduzir imorais reformas na Lei da Ficha Limpa... é melhor parar por aqui.

Naquela ocasião, há dois anos, eu perguntava a você que me lê: somos o povo borra-botas?

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Somos iguais?


Somos iguais

“Mentalmente, nós somos iguais;
Emocionalmente, nós somos iguais;
Fisicamente, nós somos iguais;
Não há diferenças, nós somos simplesmente seres humanos.
Você quer uma vida feliz, eu quero uma vida feliz.
Somos verdadeiramente membros de uma única família humana.
Nós realmente precisamos de um genuíno senso de sermos irmãos e irmãs.”

Dalai Lama


Você é feliz? Por que você acha é? Ou por que acha que não é?


Hoje você se sente alegre... amanhã está triste...

Mas, alegria é felicidade?

Conhecemos mesmo isso que chamamos 'felicidade'?

Dia desses, alguém perguntou: 

Por que é  tão difícil ser feliz? 



Para entender bem toda essa questão, vamos partir dos conceitos básicos: 

a tristeza é uma emoção! ponto.


Como qualquer emoção, pode portanto, ser estimulada e até mesmo mensurada quimicamente. Seus sintomas são até perceptíveis fisicamente. Há até drogas que simulam ou estimulam as condições fisicoquímicas e hormonais que nosso cérebro experimenta quando está 'processando' emoções!


Outro detalhe! O surgimento de uma emoção qualquer (tristeza, alegria, medo, paixão, raiva...) está  sempre condicionada à presença de estímulos que muitas vezes não estão sob nosso controle.  

Tais fatores (chamados exógenos) geralmente advém do ambiente que nos cerca. Algo modifica a química de nosso corpo físico e pronto: lá estamos nós chorando, sorrindo, com medo ou com raiva... pode ser algo que nos disseram, talvez algo no clima, algo que comemos (ou que não pudemos comer), uma música, um filme, um acidente ou qualquer circunstância agradável/desagradável. 

Assim, alguns poderão deduzir que tais acontecimentos geraram as condições para que a emoção aconteça em nosso corpo, embora a gente sinta a emoção também a nível psicológico... quando rimos, choramos, nos apaixonamos, ficamos com medo, assustados, com raiva... dizemos: 'isto' ou 'aquilo' foi a causa.


Mas, e quanto a tal felicidade? Podemos dizer o mesmo dela? 
Comecemos pela questão mais básica: Por acaso, algum cientista já "mediu" a felicidade? Ou já conseguiu definir suas causas físicas? 
Você poderia definir sintomas específicos de sentimentos como felicidade, liberdade ou paz? Não... você não pode. 
Nem você, nem ninguém. Felicidade, paz, amor ou liberdade, são sentimentos indescritíveis! Todo mundo que já sentiu, sabe que é assim.
O problema então começa na confusão, proposital ou não, que se faz com os termos “emoção” e “sentimento”. Tal confusão é proposital  em alguns casos, pois assim se ganha mais dinheiro (você já parou prá pensar em quanto dinheiro se gasta com as famosas pílulas de felicidade?).
Pois é! há hoje muitas drogas químicas que prometem anestesiar a dor da sua alma. Será que conseguem?

Felicidade, como a paz ou a liberdade, não são simples estados emocionais, mas sentimentos que estão bem além da dimensão meramente animal/corporal. É por isso que "ser feliz" não se confunde com "estar alegre". Do mesmo modo, "infelicidade" (outro nome para o vazio existencial) não se confunde com "estar triste".

Qualquer animal (inclusive o bicho humano) pode vivenciar momentos de alegria ou de tristeza, pois é assim que nosso corpo, nossa estrutura biológica reage ante acontecimentos prazerosos ou dolorosos.

Por que toda essa conversa sobre emoção e sentimento?

Considerando que felicidade não se confunde com emoção, é valiosíssimo compreender, por exemplo, que podemos experimentar felicidade ou paz, mesmo em condições adversas: posso até estar enfermo, em dificuldade financeira, posso estar preso em um campo de concentração, e mesmo assim sentir felicidade (embora as circunstâncias não me permitam estar alegre). 

Do mesmo modo, posso ter todo o conforto que o dinheiro possa comprar, posso ter boa comida, boa educação e bons amigos, mas ainda assim experimentar infelicidade.

É por isso que felicidade não é sinônimo de alegria. Felicidade não tem definição clara, porque não se pode mensurá-la quimicamente, nem somaticamente. 
Felicidade tem mais a ver com paz, contentamento, gratidão e muito mais... expressões que só fazem sentido na ausência do ego, quando a mente silencia, quando os desejos se ausentam. Felicidade é sentimento de plenitude (algo muito raro, é verdade). 

Mas, se sua sensação de plenitude é efêmera ou fugaz, ou se ela está sempre condicionada a algum fator externo, então esqueça! Você ainda não conhece o que é felicidade.
Qualquer pessoa apaixonada pode experimentar alegria efusiva, grande ansiedade, coração batendo forte, calor, frio na barriga, excitação do corpo etc. 
Mas basta que seu objeto de desejo lhe seja tirado ou que este se mostre incapaz de atender suas exigências, e logo tanta alegria e êxtase se desfaz em frustração, raiva e muita tristeza. 

O que aprendemos com tudo isso?

1. Quem vive meramente na dimensão das emoções, logo descobre que acaba sempre vítima das circunstâncias e da própria instabilidade típica do mundo mutável em que vivemos;

2. Quem vive absorvido por emoções, oscila como pêndulo: ora está num extremo, ora noutro... ora alegre em demasia, ora dramaticamente triste ou decepcionado... vítima sempre pelas forças mecânicas da própria natureza; 

3. Felicidade é um estado de ausência de tensão emocional: sem a ansiedade desgastante da expectativa, sem o medo infernal de perder o objeto de seu desejo;

Como conceituar felicidade? 

Talvez seja mais fácil dizer o que ela não é?
Vamos lá! Na presença de nossos medos, de nossos apetites, ambições, desejos, aflições, mágoas e memórias é simplesmente impossível ser feliz.   No máximo, oscilamos entre a tristeza e a alegria sucessivamente.

Quer ser feliz?

1. não crie "regras para ser feliz"... E pare de comprar regras de outras pessoas. Elas geralmente saem caro demais! Além disso, quem vendeu as regras prá você provavelmente não faz a mínima ideia do que seja felicidade;

2.não se compare... com NINGUÉM. Toda comparação é odiosa. Bem que já fizeram isso com você, desde que você era bem pequenininho(a), de tal modo que hoje, você tem a tendência de perseguir "ideais" inatingíveis de pessoas magníficas, mega-inteligentes, belíssimas, cultas, fortes, etc, que foram plantadas na mente... então, lembre-se!! super-heróis só existem na fantasia.

3. não julgue... NINGUÉM, mas ninguém MESMO! Nem a si próprio. Nada de construtivo nasce do julgamento e da condenação. Deixe isso para quem se julga deus. Julgar só serve para atribuir culpa, culpa e punição, punição e dor. Se julgamento e culpa resolvessem algum problema seu, já viveríamos em um paraíso.

4. procure a felicidade, mas nunca fora de você mesmo. 
Procure-a no silêncio interior, não no discurso da mente que faz barulho;


Perceba que tudo de que precisa para ser feliz já está EM você, já FAZ PARTE de você. Já sempre esteve realizado em você!
Você não precisa de mais certificados, de mais títulos, de mais credenciais, de mais rótulos, de mais fórmulas, de mais técnicas, de mais métodos, de mais saberes... 
Afinal, sua mente não precisa de mais alimento. Ela já está obesa.

Quer paz? procure-a no único lugar real onde ela pode ser encontrada: em você! Em sua própria casa! Há outro lugar que seja seu?
Quer satisfação, plenitude, liberdade? 
Procure em você!
Quer Deus?
Procure em você!

Por que, lhe garanto: se não encontrar isso tudo primeiro dentro de você, tampouco o achará fora.

domingo, 23 de junho de 2013

Os jovens estão protestando...


Os jovens estão protestando. Imagine na Copa!

Colunista traça um paralelo entre os cara-pintadas que ajudaram a derrubar o então presidente Fernando Collor, e os atuais manifestantes. “Se as coisas não mudarem, daqui até 2014 tudo pode acontecer”


Os protestos dos jovens por todo o país são legítimos, mas contêm certo grau de radicalismo e de exagero de ambas as partes envolvidas: manifestantes e polícia. Quem vai às ruas expor suas insatisfações precisa entender que o seu direito termina quando começa o da sociedade. Infelizmente, no entanto, algumas dessas pessoas têm depredado patrimônio público e privado e cerceado o direito de ir e vir dos cidadãos. Perdem, com isso, a legitimidade. Pior: justificam o uso da força pela autoridade policial, para garantir o direito da sociedade e preservar patrimônios público e privado. Reivindiquemos pacificamente e em locais autorizados. SIMPLES ASSIM!!!

sexta-feira, 21 de junho de 2013

As causas anônimas da quinta-feira 13

As causas anônimas da quinta-feira 13

“A tentativa mais constante é de atribuir as mobilizações à classe média irritada com a corrupção. Os jovens rebeldes se transformaram em bons filhos de família, bem comportados, que estariam tendo sua primeira lição de democracia, salutar e necessária. Mas isso passa longe da verdade”


Bajonas de Brito Júnior *
Os jornalistas e analistas políticos das mídias tradicionais se esforçam para acertar, no chute, a origem do fenômeno. Uns dizem que foi o sistema de “mobilidade urbana” (a expressão virou moda, depois de servir às empreiteiras para moverem muito dinheiro dos cofres públicos), porque o maior problema são as passagens no país inteiro. Outros afirmam que foram as obras da Copa, fala-se também da situação da saúde e da educação e há quem jure que a causa de tudo foi a corrupção (foi o que disse anteontem ao vivo Jorge Pontual, na Globonews, direto de New York como sempre, insistindo que tudo – passagens, obras da Copa, saúde, etc. – está como está por causa dos corruptos).

A esse rosário juntam-se ainda a PEC 37, o Marco Feliciano no Congresso (que aprovou a Cura Gay em meio à onda de protestos no país, tão petulante está o fundamentalismo evangélico), a inflação e o tomate, as repressões contra os índios, como vimos recentemente no Museu do Índio no Rio, e o assassinato de um índio em desocupação comandada pela Polícia Federal. Na verdade, o que é mais fácil do que apontar causas para a revolta popular no Brasil hoje?

Ativismo e Paulo Freire

Três trechos do educador e filósofo brasileiro Paulo Freire (1921-1997) para reforçar e comungar com a onda de ativismo que acontece no Brasil de Norte a Sul, catapultados pelo protesto do aumento de R$ 0,20 da passagens dos transporte público paulista, mas que se ampliou para um desabafo contra a corrupção, o mau uso do dinheiro público e os desmandos políticos que há alguns anos se instauraram no Brasil. 

Os trechos são dos livros “Professora Sim, Tia Não” (1993), “Pedagogia do Oprimido” (1968) e “Cartas à Cristina” (1994).

1
Paulo Freire. “Professora Sim, Tia Não” (1993).
“A amorosidade de que falo, o sonho pelo qual brigo e para cuja realização me preparo permanentemente, exigem em mim, na minha experiência social, outra qualidade: a coragem de lutar ao lado da coragem de amar. (…) Não é, porém, a esperança um cruzar de braços e esperar. Movo-me na esperança enquanto luto e, se luto com esperança, espero.”

2
Paulo Freire. “Pedagogia do Oprimido” (1968).
“Ninguém liberta ninguém, ninguém se liberta sozinho: os homens se libertam em comunhão”. (…) ”Somente quando os oprimidos descobrem, o opressor, e se engajam na luta organizada por sua libertação, começam a crer em si mesmos, superando, assim, sua “convivência” com o regime opressor. Se esta descoberta não pode ser feita em nível puramente intelectual, mas da ação, o que nos parece fundamental é que esta não se cinja a mero ativismo, mas esteja associada a sério empenho de reflexão, para que seja práxis”.

3
Paulo Freire. “Cartas à Cristina” (1994).
“A pessoa conscientizada tem uma compreensão diferente da história e de seu papel nela. Recusa acomodar-se, mobiliza-se, organiza-se para mudar o mundo.”

autor: Nando Pereira

quarta-feira, 19 de junho de 2013

O uso do terror para construir vilões sociais

O uso do terror para construir vilões sociais – manifestações de estudantes em São Paulo 

PT e PSDB reprimem protestos para manter financiadores de campanha, diz articulista

por Congresso em Foco | 15/06/2013 08:00
 
Bajonas de Brito Júnior *
Há uma clara conjunção de atos e palavras para disseminar o terror entre os estudantes de São Paulo. Vale prestar atenção nela por diversos motivos, todos relacionados ao esforço de liquidar um certo ímpeto tomado pelos movimentos sociais.  Como buscamos mostrar em artigo anterior — O Brasil reinventa o totalitarismo: a nova máquina policial —, os pseudo-rivais PSDB e PT desenham trajetórias convergentes em direção à violência crescente contra os que ousam sair às ruas.

sexta-feira, 14 de junho de 2013

sobre a tolerância



Na nossa vida, cultivar a tolerância é muito importante. Com tolerância, pode-se facilmente superar as dificuldades. Caso você tenha pouca ou nenhuma tolerância, ficará irritado com as mínimas coisas. Em situações difíceis, terá reações extremadas.
Em minha vida, já refleti muito a respeito desta questão e sinto que a tolerância é algo que deve ser praticado no mundo inteiro, no seio da sociedade humana. Mas, quem nos ensina tolerância?
Pode ser que seus filhos o ensinem a cultivar a paciência, mas é seu inimigo quem irá ensinar-lhe a prática da tolerância. O inimigo é seu mestre. Mostre-lhe respeito, ao invés de ódio.
Dessa forma, a verdadeira compaixão irá brotar de seu interior e essa compaixão é a base de tudo aquilo que você é e acredita.
Dalai Lama


A citação a seguir foi escrita por, S.S. o Dalai Lama e foi extraído do site Dalai Lama Brasil.

publicado no blog: http://sobrebudismo.com.br/cultivar-a-tolerancia-e-muito-importante/

segunda-feira, 10 de junho de 2013

“A arte de meditar”

O texto a seguir foi extraído do livro, “A arte de meditar”
por Matthieu Ricard, página 14.




A verdadeira questão não é então se “Queremos mudar?“, mas “É possível mudar?”


Podemos, com efeito, imaginar que as emoções perturbadoras estão intimamente associadas á mente que seria impossível livrarmo-nos delas, a menos que destruíssemos uma parte de nós mesmos.

É certo que nossos traços de caráter geralmente mudam pouco. Se observados com alguns anos de intervalo, raros sãos os coléricos que se tornam pacientes, os atormentados que encontram a paz interior ou os pretenciosos que passam a ser humildes. Entretanto, por mais raro que seja, alguns mudam, e a mudança que neles se opera mostra que não se trata de algo impossível.

Nossos traços de caráter perduram enquanto não fazemos nada para melhorá-los e deixamos nossa indisposição e nosso automatismo se manter, até mesmo ganhar força a cada pensamento, dia após dia, ano após ano. Mas eles não são intangíveis.

A malevolência, a avidez, o ciúme e outros venenos mentais fazem, indiscutivelmente, parte de nossa natureza, mas há diferentes formas de fazer parte de alguma coisa. A água, por exemplo, pode conter cianureto e nos levar a morte imediata. Entretanto, misturada com um remédio, cura-nos. Por si mesma, ela nunca se tornou tóxica nem medicinal. Os diferentes estados da água são temporários e anedóticos, como nossas emoções, humores e traços de personalidade.

FONTE: http://sobrebudismo.com.br/a-arte-de-meditar-e-possivel-mudar/