terça-feira, 30 de julho de 2013

O Brasil é rico ou é pobre?

Uma conta muito fácil de entender

“A cada dia morrem 20 crianças no Brasil, vítimas de doenças causadas pela falta de um simples esgoto ou de água tratada – isto dá uns três Airbus lotados de crianças caindo por mês”
29/07/2013 
PEDRO VALLS FEU ROSA*

O Brasil é um dos países mais ricos do mundo – eis aí um fato. No entanto, convivemos com níveis de miséria, criminalidade e deficiência de infraestrutura absolutamente degradantes. Haveria alguma lógica nisso? Que tal tentarmos responder esta pergunta com uma simples calculadora?
Vamos começar pela fome. Segundo o IBGE divulgou em 2006, 14 milhões de brasileiros convivem com a fome, e outros 72 milhões estão perto dela. Daí a ideia do Bolsa Família. Nos últimos seis anos, esse programa distribuiu R$ 52,7 bilhões para quase 12 milhões de famílias. Enquanto isso, só em 2008, gastamos R$ 282 bilhões com juros e amortizações da dívida pública. Faça as contas: em um único ano o Brasil pagou só de juros 5,35 vezes o que distribuiu aos seus famintos durante quase seis anos!

sábado, 27 de julho de 2013

sobre o apego

No começo, é mais fácil prestar atenção a experiência da nossa mente controladora, com todo o nosso apego, do que a mente aberta de dúvidas e desconhecimento. Assim, o primeiro exercício é fazer uma lista de todos os nossos apegos. Isto talvez inclui ideias ou coisas. Você talvez, por exemplo, possa listar os bens que você acha que precisa, como um tipo de carro ou roupas. Então você talvez liste as ideias que você considera importantes ou verdadeiras, como a crença de que você precisa comer carne para obter proteína suficiente. O objetivo é expor todos os nossos apegos – tudo que pensamos é essencial para saber quem nós somos. Apenas quando deixarmos de lado nossos apegos poderemos ter a experiência de uma mente aberta de dúvida.

Do livro, Instructions to the Cook: A Zen Master’s Lessons in Living a Life That Matters, por Bernie Glassman e Rick Fields, página 52


fonte:
O texto foi extraído do blog Shambhala, do post “The Open Mind of Doubt“.
Tradução: Leonardo Ota

onde procurar qualquer coisa? Ne te quaesiveris extra

“Ne te quaesiveris extra”

(não procure fora).

~ Ralph Waldo Emerson (1803-1882)

quinta-feira, 25 de julho de 2013

perdeu algo ou alguém?


Da próxima vez em que você perder alguém que gosta e você não puder suportar o que está sentindo lembre-se desta instrução: mude sua maneira de ver e curve-se. Ao invés de culpar nosso próprio mal-estar ou as circunstâncias externas ou a nossa própria fraqueza, nós podemos escolher estar presentes e acordados para nossa própria experiência, não rejeitando, não agarrando, e não dando ouvidos às histórias que contamos para nós mesmos implacavelmente. Este é um conselho inestimável que aborda as verdadeiras causas do sofrimento – do seu, do meu e de todos os seres vivos.


Do livro, Taking the Leap: Freeing Ourselves from Old Habits and Fears, por Pema Chödrön, página 55.

Este trecho foi extraído do blog Shambhala, do post: Lean In.Tradução: Leonardo Ota

O trabalho com o apego e o desejo



Para compreender como o sofrimento aparece, pratique observar a sua mente. Comece simplesmente deixando-a relaxar. Sem pensar no passado nem no futuro, sem sentir esperança nem medo em relação a isto ou aquilo, deixe que ela repouse confortavelmente, aberta e natural. Nesse espaço da mente não há problemas, não há sofrimento. Então, alguma coisa prende sua atenção – uma imagem, um som, um cheiro. Sua mente se subdivide em interno e externo, “eu” e “outro”, sujeito e objeto. Com a simples percepção do objeto, não há ainda nenhum problema. Porém, quando você se foca nele, nota que é grande ou pequeno, branco ou preto, quadrado ou redondo. Então, você faz um julgamento – por exemplo, se o objeto é bonito ou feio. Tendo feito esse julgamento, você reage a ele: decide que gosta ou não gosta do objeto.


É aí que o problema começa, pois “Eu gosto disto” conduz a “Eu quero isto”. Igualmente, “Eu não gosto disto” conduz a “Eu não quero isto”. Se gostamos de alguma coisa, se a queremos e não podemos tê-la, nós sofremos. Se a queremos, a obtemos e depois a perdemos, nós sofremos. Se não a queremos, mas não conseguimos mantê-la afastada, novamente sofremos. Nosso sofrimento parece ocorrer por causa do objeto do nosso desejo ou aversão, mas realmente não é assim – ele ocorre porque a mente se biparte na dualidade sujeito-objeto e fica envolvida com querer ou não querer alguma coisa.

Com freqüência, pensamos que o único meio de criar felicidade é tentando controlar as circunstâncias externas da nossa vida, tentando consertar o que nos parece errado ou nos livrar de tudo o que nos incomoda. Mas o verdadeiro problema encontra-se em nossa reação a estas circunstâncias. O que temos que mudar é a mente e a maneira como ela vivencia a realidade.

Nossas emoções nos empurram de um extremo a outro: da excitação para a depressão, de experiências boas para ruins, da felicidade para a tristeza – um constante ir e vir.
O emocionalismo é um subproduto da esperança e do medo, do apego e da aversão. Temos esperança porque estamos apegados a alguma coisa que queremos. Temos medo porque temos aversão a alguma coisa que não queremos. Precisamos interromper as oscilações extremadas do pêndulo emocional para podermos encontrar um eixo de equilíbrio.


Quando começamos pela primeira vez nosso trabalho com as emoções, aplicamos o princípio de que o ferro corta o ferro, o diamante corta o diamante. Usamos o pensamento para transformar o pensamento. Um pensamento raivoso pode ter como antídoto um outro que seja compassivo ao passo que o desejo pode ter seu antídoto na contemplação da impermanência.

No caso do apego, comece examinando o que é o objeto ao qual você está apegado. Por exemplo, pode ser que, depois de muito esforço, você consiga se tornar famoso, pensando que isso o fará feliz. Então, sua fama provoca inveja em alguém que tenta matá-lo. Aquilo que você trabalhou tanto para criar passa a ser a causa do seu próprio sofrimento. Ou pode ser que você trabalhe com afinco para se tornar rico, pensando que isso irá trazer-lhe felicidade, para então ver todo o seu dinheiro se perder. A perda da riqueza em si não é a causa do sofrimento, mas, sim, o apego a querer possuí-la.

sábado, 20 de julho de 2013

atenção plena

“Bhikkhus, suponham que ao ouvirem, ‘A moça mais bonita deste país! A moça mais bonita deste país!’ uma grande multidão de pessoas se aglomerasse. Agora, aquela moça mais bonita do país dançaria com muita graça e cantaria de forma melodiosa. Ao ouvirem ‘A moça mais bonita deste país está dançando e cantando! A moça mais bonita deste país está dançando e cantando!’ uma multidão ainda maior se aglomerasse. Então, surgisse um homem que valorizasse a vida e temesse a morte, que desejasse o prazer e abominasse a dor. E alguém lhe dissesse, ‘Bom homem, você tem de carregar esta tigela cheia até a borda com óleo por entre essa grande multidão e a moça mais bonita deste país. Um homem com uma espada levantada irá segui-lo bem de perto, e se por acaso você derramar uma gota que seja, nesse mesmo instante, ele cortará a sua cabeça.’
“O que vocês pensam, bhikkhus, aquele homem não irá prestar atenção na tigela com óleo e irá permitir ser distraído por aquilo que está acontecendo no exterior?”
“Não, venerável senhor.”
“Eu citei este símile, bhikkhus, para transmitir uma ideia. A ideia é a seguinte: A tigela cheia até a borda com óleo representa a atenção plena no corpo. Portanto, bhikkhus, assim é como vocês deveriam praticar: ‘Nós iremos desenvolver e cultivar a atenção plena no corpo, fazer dela o nosso veículo, a nossa base, estabilizá-la, nos exercitarmos nela e aperfeiçoá-la por completo.’ Assim é como vocês deveriam praticar.”
~ Samyutta Nikaya XLVII.20, Sedaka Sutta (do site Acesso ao Insight)

“A última palavra de Gautama, o Buddha, foi Sammasati – Recorda-te. Numa única palavra, tudo que é significativo está contido. Sammasati: Recorda qual é o teu espaço interior. Simplesmente recorda-te. Não há nada a alcançar. Tu já és aquilo que tens procurado em todas as tuas vidas, de diferentes modos, seguindo diferentes caminhos. Mas jamais olhaste para dentro. Apenas por alguns segundos, senta-te de olhos fechados para te lembrares, para recordares onde estiveste, que profundidade foste capaz de alcançar; qual é o sabor do silêncio, da paz; qual é o sabor de desaparecer no Supremo… Olha para dentro. E sempre que tiveres tempo, já conheces o caminho… Continua a ir para o espaço interior, de modo que o teu medo de desaparecer seja deixado de lado e comeces a lembrar-te da linguagem esquecida… SAMMASATI”.
~ Bhagwan Shree Rajneesh, o Osho

fonte: 
http://dharmalog.com/2013/07/17/atencao-plena-correta-samma-sati-entenda-um-dos-8-elementos-do-caminho-de-buda-para-a-liberdade/?utm_source=Assinantes+do+Dharmalog&utm_campaign=fe695de700-RSS_EMAIL_CAMPAIGN&utm_medium=email&utm_term=0_eb93933aad-fe695de700-296231497

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Carma e Renascimento

Carma e Renascimento

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Pergunta: A teoria do carma é empírica e científica ou é aceita com base na fé?
Resposta: A idéia de carma faz sentido de diversas maneiras, mas há um certo mal entendido sobre o que o carma é. Algumas pessoas pensam que carma significa sina ou predestinação. Se alguém é atropelado por um carro ou perde muito dinheiro nos negócios, dizem: “Bem, que azar, esse é o carma dela”. Essa não é a idéia budista de carma. De fato, essa é mais a idéia da vontade de Deus – algo que nós nem entendemos nem temos qualquer controle sobre.

sexta-feira, 12 de julho de 2013

um quarto de segundo: o livre arbítrio

Vamos revisar como os sentimentos se originam. Primeiramente, ocorre um contato direto com o estímulo sensorial, e isto serve de base para o sentimento subsequente. Por exemplo, primeiro você vê uma pessoa passando pela porta, e então reconhece a pessoa como um velho amigo ou talvez como uma ameaça; isto traz um sentimento como resposta. Uma vez que esse sentimento surge, pode por sua vez, dar origem a um desejo ou uma aversão com relação ao objeto, que não é igual ao sentimento original. 
Então, a resposta de desejo ou aversão pode levar a alguma outra coisa, como por exemplo, à intenção. Muitos desejos não resultam em intenções.
Quando sentar em meditação, você poderá notar sensações sutis e efêmeras, que são experimentadas com um certo tom de sentimento. Isso pode levar à atração, aversão ou indiferença, e esses sentimentos podem ou não dar origem a uma intenção e uma ação subsequente. 
Normalmente, essa sequência completa de eventos está unida porque nós, inconscientemente, nos identificamos com ela, ao invés de observá-la com cuidado. Por meio da aplicação da atenção plena discriminativa e cuidadosa, você pode distinguir esses eventos na sequência em que surgem.

Como explicou a psicoterapeuta Tara Bennett-Goleman, a aplicação cuidadosa da atenção plena aos sentimentos, nos oferece uma alternativa à repressão, supressão e expressão compulsiva das nossas emoções. Citando a pesquisa do neurocirurgião Benjamin Libet, Bennett-Goleman nos mostra que do momento em que surge uma intenção, a ação pretendida tem início um quarto de segundo depois. 

Tara Bennett-Goleman comenta, “Esta janela é crucial: é o momento em que temos a capacidade de seguir o impulso ou rejeitá-lo. Pode-se dizer que o arbítrio reside aqui, neste quarto de segundo.”

~ Alan Wallace – Genuine Happiness

FONTE:
http://equilibrando.me/

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Quando a tecnologia e o dinheiro tiverem conquistado o mundo: Heidegger



“Quando o recanto mais remoto do globo tiver sido conquistado pela técnica e explorado pela economia, quando um qualquer acontecimento se tiver tornado acessível em qualquer lugar a qualquer hora e com uma rapidez qualquer, quando se puder “viver” simultaneamente um atentado a um rei na França e um concerto sinfônico em Tóquio, quando o tempo for apenas rapidez, momentaneidade e simultaneidade e o tempo enquanto História tiver de todo desaparecido da existência de todos os povos, quando o pugilista for considerado o grande homem de um povo, quando os milhões de manifestantes constituírem um triunfo – então, mesmo então continuará a pairar e estender-se, como um fantasma sobre toda esta maldição, a questão: Para quê? – Para onde? – e depois, o que?
O declínio espiritual da terra está tão avançado que os povos ameaçam perder a sua última força espiritual que (no que concerne o destino do “Ser”) permite sequer ver e avaliar o declínio como tal.
Esta simples constatação nada tem a ver com um pessimismo cultural, nem tampouco, como é óbvio, com um otimismo; pois o obscurecimento do mundo, a fuga dos deuses, a destruição da terra, a massificação do homem, a suspeita odienta contra tudo que é criador e livre, atingiu, em toda a terra, proporções tais que categorias tão infantis como pessimismo e otimismo já há muito se tornaram ridículas”.
~ Martin Heidegger (1889-1976), em 'Introdução à Metafísica'




FONTE:
http://dharmalog.com/2013/07/10/quando-a-tecnologia-e-o-dinheiro-tiverem-conquistado-o-mundo-uma-visao-de-heidegger-em-1953-por-antonio-abujamra/

“When the farthest corner of the globe has been conquered technologically and can be exploited economically; when any incident you like, in any place you like, at any time you like, becomes accessible as fast as you like; when you can simultaneously “experience” an assassination attempt against a king in France and a symphony concert in Tokyo; when time is nothing but speed, instantaneity, and simultaneity, and time as history has vanished from all Dasein of all peoples; when a boxer counts as the great man of a people; when the tallies of millions at mass meetings are a triumph; then, yes then, there still looms like a specter over all this uproar the question: what for?—where to?—and what then? The spiritual decline of the earth has progressed so far that peoples are in danger of losing their last spiritual strength, the strength that makes it possible even to see the decline [which is meant in relation to the fate of "Being"] and to appraise it as such. This simple observation has nothing to do with cultural pessimism—nor with any optimism either, of course; for the darkening of the world, the flight of the gods, the destruction of the earth, the reduction of human beings to a mass, the hatred and mistrust of everything creative and free has already reached such proportions throughout the whole earth that such childish categories as pessimism and optimism have long become laughable.”
~ Martin Heidegger, em “Introduction to Metaphysics”
A tradução em português que mais se aproxima desta em inglês, como foi publicada no blog Legio Victrix.

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Entrevista com o psicanalista Erich Fromm

Entrevista de 1958 com o eminente psicanalista sobre diversos temas que continuam atuais.

por Nando Pereira

“Se você pegar o americano médio, e os estudos tem mostrado isso, ele está realmente “envolvido” apenas com seus problemas pessoais, no que tocam sua saúde, seu dinheiro e sua família. Ele não está envolvido com sua sociedade. Ele fala a respeito. Mas quando eu digo “envolvido” eu quero descrever aquilo que faz as pessoas perderem o sono às vezes. E o homem médio americano nunca perde seu sono por conta de temas relacionados à sua sociedade e seu país inteiro. Eu quero dizer, ele separou sua vida privada da sua existência como membro de sua sociedade e a deixou aos cuidados do governo e dos especialistas. (…) Nós estamos da mesma forma relegando nossa própria responsabilidade pelo que acontece, em nosso país, para os especialistas que se supõem estão cuidando dele.”
~ Erich Fromm, no programa The Mike Wallace Interview (1958)
Já evoluímos bastante de 1958 pra cá (ainda mais se você tiver lendo isso vários anos depois de publicado), mas uma boa parte do que o psicólogo e filósofo humanista alemão Erich From (1900-1980) disse ao jornalista americano Mike Wallace, em 1958, continua atual e, mais que isso, ajuda a elucidar como e porque isso tudo está acontecendo (por “isso tudo”, leia-se os grandes manifestos no Brasil e o rastro do que já passou e está passando no mundo, como o movimento Occupy). 
Além do problema “político pessoal” que vivemos, Fromm fala de vários temas, como o significado do trabalho para a vida do homem, a felicidade, a liberdade, o fracasso, a família, e, obviamente, o amor, um dos principais temas pelo qual Fromm ficou conhecido. A entrevista segue abaixo, em três partes, todas legendadas em português na fonte.

Outro trecho:
“(Os Estados Unidos estariam a perigo de destruir a si mesmo) por causa do nosso entusiasmo em dominar a natureza, em produzir mais bens materiais. Nós transformamos meios em fins. Nós buscamos produzir mais no século 19 e no século 20 em ordem a possibilitar ao homem uma vida mais digna. Mas o que realmente aconteceu é que a produção e o consumo, que parecem meios, se tornaram fins. E nós estamos malucos por produção e consumo.”
~ Erich Fromm, entrevista a Mike Wallace (1958)
FONTE: 
http://dharmalog.com/2013/07/02/video-raro-entrevista-de-erich-fromm-a-mike-wallace-em-1958-sobre-politica-liberdade-amor-e-fracasso-video/

terça-feira, 2 de julho de 2013

O treinamento da mente no cotidiano



(...)  Se examinarmos nossas vidas, veremos que a real insatisfação, angústia e mal-estar que experimentamos não são causados por condições externas, mas pela forma como reagimos interiormente a elas. Não podemos negar que as condições externas difíceis existem, mas precisamos reconhecer que alguém com algum controle sobre os processos internos da mente não vivencia a mesma impotência e sofrimento face às perdas, adversidades e doenças, comparado a uma pessoa cuja mente não foi treinada. (...)

fonte: Chagdud Gonpa Brasil, por S. Ema. Chagdud Tulku Rinpoche.