quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Cerrado poderá ser extinto até 2030









Em evento sobre sustentabilidade, professor relata o desmatamento do bioma e projeta que pode deixar de existir em 2030.

Ontem foi comemorado o Dia do Cerrado. O bioma, típico de regiões tropicais, possui uma vasta biodiversidade e é considerado o sistema ambiental brasileiro que mais sofreu com a ação humana, principalmente pela agricultura, pastagem e o crescimento das cidades. Há previsões sombrias de sua extinção até 2030.
Bauru está inserida neste bioma. De acordo com o Inventário Florestal da Vegetação Natural, a região é a terceira do Estado de São Paulo com maior área coberta pelo cerrado. Na região há 29 mil hectares de cerrado, que passou a ser protegido por lei desde maio do ano passado.
Proteção legal que, apesar de muito bem recebida pelos ambientalistas, veio tarde.

É exatamente esse problema que foi abordado em uma palestra ontem, completando o 2º Fórum de Ações Antrópicas e o Desafio da Sustentabilidade (Faads), sediado na Universidade do Sagrado Coração (USC) desde a última quinta-feira. 

A palestra foi proferida pelo professor Silvio Motta Maximino e explicou como a devastação do cerrado pode trazer prejuízos ao meio ambiente. Segundo ele, a devastação do bioma é tão grande que especialistas projetam sua extinção para o ano de 2030. “Podemos olhar o Estado de São Paulo, por exemplo. Hoje, o cerrado ocupa apenas 1% da área total. Antes, este número era de 14%.”

E os prejuízos são grandes. “Além das baixas na flora e fauna, somente o processo de devastação do cerrado é responsável por um terço das emissões brasileiras de gases do efeito estufa. E esse número é só das queimadas. O bioma é a vegetação que mais sequestra carbono da atmosfera”, alerta.

Outro problema é em relação à água. A importância do cerrado é devido à presença de três das bacias hidrográficas do Tocantins-Araguaia, São Francisco e Prata, as três maiores da América do Sul. Porém, se os prejuízos são tão grandes, quais os motivos da contínua devastação? Maximino explica que os principais são a monocultura, a pecuária e o crescimento das cidades. E, apesar do cerrado estar mais protegido atualmente, sempre são levantadas questões econômicas para burlar as proteções. “Existe um mito de que, caso haja preservação, vai frear o progresso. O ideal é conciliar preservação e uso econômico. Isso pode e deve ser feito.”

Para finalizar as discussões sobre o tema, foi firmado ontem um compromisso de que serão plantadas 15 árvores no início de outubro, no entorno da lagoa da Quinta da Bela Olinda, todas nativas do bioma cerrado. 

publicado no Jornal da Cidade (Bauru) aos 12/09/10

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