quinta-feira, 15 de setembro de 2016

vereadores bauruenses e seus queridos loteamentos

Salvar loteamentos, vereadores?


Causou perplexidade a notícia publicada no último dia 6 de maio de 2010, pelo JC, informando pretensão de vereadores bauruenses no sentido de emendar lei municipal visando, segundo eles, “salvarem” loteamentos irregulares dessa cidade.
Segundo o artigo, um ilustre vereador chega ao cúmulo de afirmar: “Se você ficar três anos sem limpar um terreno em Bauru ele cresce cerrado” (sic!).

Ora, qualquer cidadão minimamente informado a respeito do ecossistema do Cerrado ou da questão ambiental de modo geral seria incapaz de pronunciar tamanho absurdo. Gostaria de saber de onde este ilustre senhor tirou tão estapafúrdia declaração.
A julgar por declarações desse naipe, sou forçado a concluir que nós, bauruenses, estamos pessimamente representados nessa Câmara. Espero sinceramente que esta infeliz declaração não reflita a opinião da maioria dos vereadores.
A questão ambiental vem ganhando relevância tanto no âmbito público quanto no privado. Não sem razão, recentemente tivemos a aprovação da primeira lei específica de proteção ao ecossistema do Cerrado em nosso país: a mesma lei contra a qual lamentavelmente alguns vereadores se insurgem agora.
Embora com secular atraso, veio esta lei para apoiar a todos os agentes públicos e demais cidadãos que antes não possuíam meios eficazes de defender o nosso meio ambiente de pessoas interessadas apenas no lucro fácil e inconsequente.
Agora somos surpreendidos por alguns que, se dizendo representantes da comunidade bauruense, escolher atacar frontalmente a lei e o povo que, antes deveriam defender!
Que lástima, senhores vereadores! Que vergonha para Bauru! Que papelão diante da população atônita e bestificada!
Justamente os senhores que deveriam promover, por todos os meios, um ambiente de qualidade para todos! Ouvir de alguém que ocupa um cargo público a frase transcrita anteriormente é algo grave e sintomático: sinal de desinformação? Sinal de desrespeito? Ou seria só profunda ignorância? Ignorância do papel que o Cerrado representa para o equilíbrio do clima e para a sobrevivência de milhares de espécies vegetais e animais, inclusive de homens como os senhores, vereadores!
A falácia no discurso desse tipo é evidente. Já os interesses que geram os atentados criminosos contra o nosso Cerrado, travestidos de ações legais, é que ainda não estão evidentes. Seria interessante conhecer as pessoas responsáveis pelos referidos “loteamentos irregulares”, até mesmo para saber que compensações ambientais eles pretendem oferecer à comunidade bauruense.
Defender o interesse dos moradores desses lotes é algo legítimo. O que não vamos admitir é que usem o nome do povo enganado como escudo para distorcer a lei, dando um “jeitinho” para que áreas de preservação permanente sejam desrespeitadas.
Senhores: se estavam achando que iam “pisotear” impunemente a Lei de Proteção ao Cerrado aqui em Bauru, prezo em informá-los que estão redondamente enganados!

O autor, Silvio Motta Maximino, é professor de filosofia e de antropologia e membro da Associação SOS Cerrado


 

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