quinta-feira, 29 de setembro de 2016

efeito psíquico da gratidão


a citação nos faz refletir: fala de 'entender o sentimento da gratidão'. 
de fato, sem compreendê-lo, não se consegue senti-lo. 
como é que se ensina alguém a ser grato? 
como se ensina um ser a sentir?
diga a alguém: 'seja grato!' ... e ele não vai entender nada.
explique o porquê do bom e do ruim, do doce e do amargo, e talvez... talvez, ele pare prá pensar no assunto.
sinta a gratidão transbordando de você para tudo e para todos, indistintamente, e não será preciso dizer quase nada... as pessoas, por si mesmas, começarão a sentir a gratidão brotar dentro delas.
gratidão, como qualquer sentimento, é contagiante! 
e uma vez contagiados por ela, muita coisa acontece.

quanto mais cultura melhor?


Não tenha tanta gana de mais cultura, de mais informação.... 
queremos mais... mais ... sempre mais.
nada disso realmente ajuda muito a acordar do sonâmbulo estado de consciência no qual nos metemos. 
O fato é que já temos informação em demasia. 

terça-feira, 27 de setembro de 2016

O conceito de linguagem em Bakhtin




Luis Filipe Ribeiro
Universidade Federal Fluminense





 Resumo:
Este artigo, na verdade uma conferência para alunos de Letras, tenta fazer entender, de forma didática, os conceitos fundamentais, através dos quais Mikhail Bakhtin aborda a difícil problemática filosófica da linguagem humana.




 

Indagar-se sobre os conceitos na obra de Mikhail Bakhtin é sempre um desafio, pois sabe-se que aí está tudo em movimento permanente e não há terreno sólido para as construções formais. Mesmo porque, se há alguma coisa que caracterize o seu pensamento, essa alguma coisa é uma adesão inconteste à filosofia do movimento. Nada é, em sua obra, definitivo, nada está estabelecido permanentemente, tudo oscila com as alterações do quadro histórico, em que as ações humanas se desenrolam.
Minha proposta, hoje, é tentar alinhavar em linhas gerais como seu pensamento trabalha com a linguagem.
Este é um terreno minado, pelas muitas teorias e filosofias que dele se ocuparam. Mas, tanto melhor, pois será do diálogo de tantas vozes discordantes que poderá surgir uma possibilidade de entendimento desse fenômeno que é absolutamente central tanto na vida social, como na nossa existência pessoal.

nossos martelos e pregos...


"Quando a única ferramenta que se tem é um martelo, 
então todo problema fica parecido com um prego."
Abraham Harold Maslow (1908 - 1970)

sábado, 24 de setembro de 2016

Filosofia: o 'controle de qualidade' do seu pensar



O surgimento da filosofia

A Filosofia no tempo e na cultura

O que perguntavam os primeiros filósofos? 


Se analisarmos algumas perguntas interessantes que, tanto crianças como adultos, podem se fazer alguma vez durante suas vidas, entenderemos melhor o que intrigava os primeiros filósofos:
Por que os seres nascem e morrem? 
Por que existimos? Por que o mundo existe?
Por que semelhantes dão origem a outros semelhantes (de uma árvore nasce outra árvore, de uma mulher nasce uma criança...)? 
Por que as coisas mudam com o passar do tempo? ... e se tornam opostas ao que eram? (O bonito se torna feio, o que era mole endurece e o que era cheiroso torna-se mal-cheiroso)? 
Por que sofremos? Há uma causa necessária para tudo? Podemos conhecê-la?
Por que agimos racionalmente? e por que, às vezes, irracionalmente?
Ou ainda:
Moeda grega encontrada em Atenas*



 
Por que tudo se repete? Depois do dia, a noite; depois da noite, o dia...
Por que alguns comportamentos são desejáveis e esperados socialmente, e por que outros não?
 
Sem dúvida, a religião e os mitos explicavam todas essas coisas, mas chegou um tempo em que suas explicações já não satisfaziam aos que se interrogavam sobre as causas da mudança, da permanência, da repetição, da desaparição e do ressurgimento de todos os seres. Aquelas respostas iniciais haviam perdido força explicativa. É neste contexto que nasce a filosofia, enquanto busca racional de explicações para as dúvidas humanas.
 
 *datada de 440 a.C; sua outra face tem cunhado Atena, deusa da sabedoria. A coruja, símbolo da Filosofia, era associada frequentemente à deusa.

O que não é filosofia


Filosofia não existe para "provar" alguma teoria... o nome disso é "método científico".
 
 A filosofia não consiste num “sistema de preceitos e crenças"... o nome disso é ideologia (seja religiosa, seja política...)
 
A filsofia tampouco consiste num conjunto de teses e verificações empíricas metodológicas”... o nome disso é "teoria científica".
 
Encare a filosofia mais como um "controle de qualidade" do seu pensamento.
Senão, vejamos:
Será que nosso pensamento poderia resistir a uma simples objeção lógica? 
Será que nossa crença subsistiria ao mais simples desafio da própria racionalidade humana?
Se sua crença ou pensamento não consegue resistir a esse simples teste, ele até pode ser muito lindo, poético e consolador... mas nada tem a ver com a verdade, com a lógica ou com a racionalidade.

Argumentos, por mais fascinantes e brilhantes que aparentem, precisam ser testados! ...Assim como qualquer fábrica de respeito sempre testa seu produto, antes de oferecê-lo para ser consumido...
Se um produto oferece algum risco à saúde, não deveria ser propagandeado, nem vendido, ou oferecido a consumo de terceiros... sim ou não?
 
De igual modo deve ser com os pensamentos e doutrinas que "compramos", a maioria desde muito, muito cedo... numa idade em que geralmente não conseguimos elevar nossa voz para questionar e sermos respeitados.

Enfim, há que verificar e testar os pontos fortes e fracos de qualquer ideia, pensamento, conceito, preceito, pressuposto, conclusão e por fim, da própria doutrina e ideologia derivadas desses argumentos... testá-los à exaustão, para ver como resistem, se é que resistem... 
 
As falácias ou sofismas são os pontos fracos visíveis (ou não tão visíveis) dos argumentos. São eles que tornam os argumentos (e as ideologias deles derivados) frágeis, inflamáveis, venenosos, fanatizantes e alienantes.

Enfim e por fim, a Filosofia não é um bálsamo ou anestésico para as dores humanas...
A Filosofia não serve para embalar nossa sonolência psíquica ou letargia mental. 
A Filosofia é para chacoalhar e nos acordar do sonho... do sonho encantado de nossas crenças pueris.
 
Inúmeras vezes, é a Filosofia que trará à mesa, como prato principal, nossas próprias e incômodas contradições...
Mas ninguém gosta de ser exposto à sua própria miséria e condição de profunda ignorância, não é mesmo?
A minoria suporta a salgada verdade... 
A maioria já bem ou mal se acostumou ao sabor inconfundível de suas próprias crenças (não tão próprias quanto pensa que são)...
 
Por vezes, quase sempre ou sempre cremos que estamos certos, que nossos pontos de vista são os mais perspicazes, que nossa ideologia é a mais brilhante, a mais pragmática, funcional e justa... Em geral, apenas por simples etnocentrismo, cremos mui sinceramente, que nosso paradigma é o mais próximo da verdade que se poderia chegar...
É aí que vem a Filosofia, "puxa nosso tapete" e... adeus "zona de conforto"!
Do alto das nuvens de nossas opiniões, direto para o chão duro da realidade dos fatos. Por isso, muitos detestam a Filosofia e a tem com inimigo mortal...

A Filosofia é a “fiscal”... do juízo apressado, do julgamento dogmático, do argumento raso, da conclusão apressada, da ideologia política e/ou religiosa...

Então, Filosofia veio menos para trazer respostas e mais para colocá-las em xeque... 
 
Ela pode responder algumas dúvidas? 
Por certo que sim, mas a Filosofia não é a última, nem a melhor das respostas... ela não nasceu para dar respostas.
Filosofia nasceu para ser método de qualificação e descarte de argumentos falsos. Seria um ISO 9000 para a área dos nossos raciocínios abstratos.

O fato é que a Filosofia não é uma doutrina ou crença que alguém adota...
Ela é apenas a estrada por onde se deve trilhar, goste ou não, se quer que um raciocínio ou conclusão seja razoavelmente coerente e compreensível por outros interlocutores...
Sem as normas elementares do raciocínio lógico, nem o meu, nem o seu discurso teria qualquer validade, ou qualquer utilidade...

o conceito não é a realidade
a realidade não é o conceito*
Ou seja, se você não entendeu ainda, pense que, mesmo você execrando a filosofia, mesmo apontando sua aparente "inutilidade" ou "malignidade", isso em nada muda o fato de que você precisou dela para elaborar o argumento que dará suporte e validade para seu ponto de vista.

Do contrário, seu discurso seria imprestável para qualquer fim.

 
Essa advertência se faz necessária porque é comum confundirem filosofia com algum tipo rigoroso de doutrina, com se ela fosse algum tipo de bula de conselhos morais ou espiritualistas... 
não se confunda, pois, "doutrina filosófica" com a Filosofia em si, nem com a atitude mesma de "filosofar"...


Breves considerações sobre a Filosofia Acadêmica

Ao que se sabe, a palavra "filosofia" aparece pela primeira vez na Grécia do séc. VI a.C., nos escritos do grande pensador e matemático Pitágoras, que não desejando definir-se como "sábio", preferiu autodenominar-se "Filos-sophos" ou seja, amante do saber, aquele que busca a sabedoria.

No séc. V a.C., o filósofo Heráclito define melhor o conceito original do vocábulo “filosofia”, como "a busca da compreensão da realidade total", em todas as suas formas, de maneira sistemática e disciplinada.

O trabalho filosófico é essencialmente teórico. Mas isto não quer dizer que a Filosofia seja pura teoria, à margem dos problemas mundanos.
Menos ainda podemos dizer que seja um corpo de doutrina acabado, com determinado conteúdo fixo. Ela se trata de um processo sempre dinâmico de apreensão da realidade humana. A Filosofia é a procura amorosa da verdade.

Para Sócrates, uma vida que não é examinada não merece ser vivida. Isto nos diz que o filosofar é preocupar-se com os princípios primeiros de nossa existência e da realidade total. O refletir do homem sobre estas questões o torna "filósofo".

Atualmente, a filosofia constitui-se numa área de estudos que envolve a investigação, análise, discussão, formação e reformulação de ideias (ou visões de mundo) num contexto geral e abstrato. Ela originou-se da curiosidade humana que insiste em tentar compreender e questionar os valores e as interpretações comumente aceitas sobre a realidade que nos cerca.

A partir da Filosofia surgirão as bases do conhecimento humano que chamaremos muito tempo depois de Ciência.

Partindo desta inquietação, o homem cria instrumentos e procedimentos, equaciona o campo das hipóteses e exercita a razão. Contudo, tanto a Filosofia como a  Ciência, por sua própria natureza, tornam-se suscetíveis às descobertas de novas ferramentas ou instrumentos que aprimoraram o campo da sua observação e manipulação, o que, em última análise, implica tanto na ampliação quanto no questionamento de tais conhecimentos. Neste contexto surge novamente a filosofia para exercer a crítica de todas as ciências positivas.
 
Didaticamente, podemos dividir a Filosofia em disciplinas específicas como, por exemplo:

Lógica: trata das formas e regras gerais do pensamento verdadeiro, com vista à preservação da verdade e a evitar-se inferências (conclusões) inválidas...

Metafísica ou ontologia: trata do conhecimento dos princípios e fundamentos últimos da realidade, de todos os seres...

Gnosiologia (teoria do conhecimento): análise crítica da natureza e fundamento do conhecimento humano...

Filosofia Moral ou Ética: trata do estudo sistemático das diferentes morais, das idéias de liberdade, responsabilidade, dos critérios do certo e do errado...

Filosofia da Arte ou Estética: trata das formas de arte, o conceito do belo, das relações da arte com a sociedade, com a política, com a ética...

Epistemologia ou Filosofia da Ciência: aborda os limites e os usos do conhecimento científico...
 
Filosofia Política: analisa a legitimidade do Estado, as relações de poder e os modos de organização da sociedade humana...

Filosofia da Linguagem: trata das diferentes modalidades de linguagem, do estudo dos signos e das significações, da comunicação do conhecimento...

A atitude de "filosofar"


A atitude de "filosofar" surge no homem a partir de sua inquietação e curiosidade. Tal atitude desperta a vontade de conhecer, de entender e, por vezes, de provocar mudanças. Também aparece por meio da capacidade humana da admiração, de espantar-se e até mesmo de indignar-se. Daí derivam as capacidades de problematizar, compreender e transformar.

A Filosofia, portanto, não se caracteriza como posse da verdade, mas como busca humilde, constante e dinâmica da essência da vida.

Também podemos acrescentar que o filosofar nasce a partir da angústia do homem ao perceber o que constitui sua originalidade: um “ser”, um “nada”, “pura possibilidade”. Essa abertura à transcendência, coloca o ser humano diante de si mesmo como projeto, tarefa a realizar.

Para Kant (filósofo alemão do séc XVIII), "não há filosofia que se possa aprender; só se pode aprender a filosofar". Isto significa que a Filosofia é, sobretudo, uma atitude, um modo permanente de pensar. É um conhecimento que questiona o saber instituído.

O filósofo inicia seu trabalho a partir dos problemas concretos da existência, mas precisa afastar-se deles, consciente e criticamente, para melhor compreendê-los, retornando, depois, a fim de propiciar subsídios para uma compreensão mais ampla que permita mudanças significativas.

Cada um de nós torna-se filósofo quando se coloca a pensar a realidade que o cerca de maneira crítica (criteriosa) e responsável, buscando alternativas para, por exemplo, uma vivência humana mais harmônica e equilibrada. Por isso, o ato de filosofar e a própria Filosofia tem sido, ao longo da história, bastante criticada, justamente porque incomoda a muitos.

A história registra muitas tentativas de destruí-la, desqualificá-la ou negá-la. Tiranos, mistificadores, dominadores, e todos os interessados na alienação e na mediocridade do povo preferem uma “consciência de rebanho”, de fácil manipulação, cativa e obediente, a um questionamento profundo da realidade. Alguns filósofos pagaram com a vida ou perderam sua liberdade devido à ousada postura de filosofar sobre o seu tempo. Cabe a cada ser humano o exercício do "filosofar", isto é, a leitura crítica da nossa cultura, dos nossos costumes e crenças, da realidade social em que vivemos, questionando-a e refletindo sobre como ela é e sobre “como deveria ser”. É assim que começam as mudanças.

A Filosofia, pois, não é somente interpretação do mundo, mas projeto de transformação: do mundo e do humano. O filósofo é aquele que conhece a história do seu pensamento, sua evolução e degeneração, suas crises e avanços.

A filosofia não é um conjunto de conhecimentos prontos ou um sistema fechado em si mesmo. Ela é um modo de pensar, uma atitude, uma postura diante do mundo, buscando descobrir seus significados mais profundos.

Também podemos entender um outro sentido para a palavra "filosofia". Quando alguém diz que tem uma "filosofia de vida", ela pode estar querendo dizer que possui uma prática de vida que, de forma refletida, busca pensar os acontecimentos do cotidiano além de sua pura aparência.
Assim sendo, a filosofia pode e deve considerar todo e qualquer objeto. Pode considerar a ciência, a religião, a arte, uma história em quadrinhos ou uma canção popular. A Filosofia, portanto, parte do que existe, critica, questiona, vislumbra possibilidades e nos faz pensar a possibilidade de outros modos de compreender a vida, já que as estruturas essenciais da realidade não se manifestam diretamente. O conceito que temos da "realidade" é sempre uma interpretação dela, nunca seu sinônimo (*ver imagem acima). O discurso não é sinônimo do fato retratado nele.

Nesse sentido, a Filosofia é uma reflexão sistemática e crítica que objetiva captar indiretamente, por meio do discurso racional, a "coisa em si", a estrutura oculta de todo ser existente.

A reflexão filosófica implica necessariamente em adotar “atitude crítica”. Crítica é a arte de julgar e discernir o valor de algo, tendo a cautela de estabelecer critérios para tal juízo. Além da crítica, é preciso buscar os fundamentos: ser capaz de emancipar-se da "consciência ingênua" e superficial, que não se ocupa das raízes do problema estudado. 

Outra característica do pensamento filosófico é a sua busca pela integração do que se sabe sobre o mundo, ou seja, ele considera os problemas sempre relacionados entre si. A reflexão filosófica contextualiza os problemas.
A Filosofia é, portanto, essa busca incessante pela verdade, embora o filósofo esteja ciente de que essa verdade racional é sempre contextual e, portanto, de algum modo relativa.
Esta é uma das vocações do filósofo: desnudar o que está oculto pelos costumes, pelo convencional, pelo poder.


Ceticismo e Dogmatismo em Filosofia


Para poder filosofar, o homem não pode cair na tentação de acomodar-se no ceticismo, nem tampouco, no dogmatismo. Uma pessoa de atitude cética é aquela que desconfia gratuitamente de tudo, a ponto de negar a própria possibilidade ou validade de qualquer teoria. Filosoficamente, contudo, dá-se o nome de ceticismo à corrente de pensamento que preconiza a dúvida como princípio e a impossibilidade de que se conheça algo como fim de toda construção racional, seja por qual método for. Se qualquer possibilidade de conhecimento é negada, então por que filosofar?

Segundo esta doutrina, o homem é incapaz de aprender/conhecer racionalmente algo sobre qualquer coisa. A atitude cética é típica das épocas de crise, quando verdades estabelecidas são seriamente questionadas ou destruídas, sem que se tenha, ainda, estabelecido novos princípios sobre os quais fundamentar o conhecimento e as ações. Duvida-se de tudo indiscriminadamente, a ponto de partir do pressuposto de que tudo é duvidoso e incerto, bem como que é impossível escapar desse círculo vicioso.

Por outro lado, precisamos também nos cuidar do dogmatismo. Ele precisa se conscientizar de que todo conhecimento é sempre histórico, situado dentro de uma cultura, inserido num contexto. O sujeito dogmático, grosso modo, acredita ter a posse da verdade e se recusa ao diálogo, não admite o questionamento de suas certezas ou convicções.

Filosoficamente, dá-se o nome de dogmatismo à tese que defende, de forma absoluta, a capacidade humana de chegar a verdades seguras, através do uso exclusivo da razão. É essa crença cega no poder da razão que faz com que o dogmático deposite uma confiança extremada na capacidade humana para chegar à verdade.


quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Breve Introdução à Epistemologia


epistemologia, o que é?

A palavra epistemologia não é encontrada na literatura grega antiga. Apesar do problema do conhecimento fazer parte das questões da Filosofia desde os gregos antigos, o termo epistemologia começou a ocupar maior espaço na literatura filosófica apenas na modernidade.
Não obstante, o termo grego que origina a expressão (episteme) começa a ser mais comumente encontrado na literatura do período clássico (Sófocles, Platão e Aristóteles), em torno do século V a.C. Este período marca o auge da polis grega.
Uma epistemologia é uma forma de indagar a realidade. A palavra epistemologia é definida no dicionário etimológico de Antonio Geraldo da Cunha como:
“o estudo crítico dos princípios, hipóteses e resultados das ciências já constituídas e que visa a determinar os fundamentos lógicos, o valor e o alcance objetivo delas.”
Mais especificamente, os vocábulos espiteme e logos provêm do grego e significam “ciência” e “estudo”, respectivamente. De outro modo, dizemos que epistemologia é um conjunto de conhecimentos teoricometodológicos interligados que permitem elaborar uma forma de investigação de um objeto. Epistemologia é o estudo dos princípios de investigação que direcionam um modo de enfrentar um certo tema.
Enfim, nada mais é do que o “estudo do conhecimento científico”. A palavra designa o conjunto de pesquisas que buscam responder à questão "O que é a ciência?”, colocando particularmente a questão das relações entre a ciência e as formas não científicas do saber. Em última instância, por epistemologia designa-se o que se entende hoje por Filosofia da Ciência.

O que é ciência?
Etimologicamente, o vocábulo “ciência” vem do latim scientia, que quer dizer sabedoria. Hodiernamente, há dezenas de conceituações, mas pouco consenso. Para chegarmos ao conceito de ciência, devemos recorrer a uma disciplina externa a ela mesma: a filosofia da ciência.

Introdução à Antropologia Filosófica

Para compreender o humano, torna-se necessário (mas não suficiente) compreender sua relação com o mundo, com suas próprias produções, bem como com os demais seres humanos. Para entendermos o viés da resposta que vamos encontrar, é importante que entendamos antes o que é antropologia.

É evidente que a resposta não se limita ao que podemos entender da etimologia da palavra. Tal significado não resolve nosso problema. Se buscarmos uma solução em termos conceituais entre os antropólogos, constataremos rapidamente que não há consenso, nem sobre o que se pode entender por antropologia, nem sobre "o que" seria seu objeto específico: o Homem (Homo sapiens sapiens).

Assim, nota-se que o problema da antropologia não se limita ao seu campo de ação, mas também à sua própria identidade. Segundo Marconi & Presotto (2007), a Antropologia seria "uma ciência do biológico e do cultural, tendo como objeto de estudo, o homem e suas obras". Seu papel (desta ciência) é o de procurar compreender profunda e objetivamente as manifestações humanas nos mais diferentes espaços geográficos, percebendo as múltiplas dimensões de uma cultura: sua profundidade, abrangência e alcance. Bastante pretensão, evidentemente. Para delimitar o que seria esse Homem, objeto da antropologia, devemos começar por uma pergunta eminentemente filosófica: O que é o homem? 

Eis o problema crucial da antropologia filosófica: como definir esse ser? E, além disso, o que diferencia o humano dos outros seres? Esta problemática surge basicamente a partir do fato de que o humano parece ser o único animal capaz de observar conscientemente os fenômenos ao seu redor e pensá-los abstratamente. Ele seria o único animal que se questiona sobre o aparente absurdo da própria existência.


Então, filosoficamente falando, uma primeira resposta possível estaria implícita no próprio ato de perguntar: "O homem é aquele que pergunta". Pelo menos, parece ser o único ser capaz de fazer perguntas. Os demais seres teriam essa capacidade de se perguntarem por sua própria essência ou pelas razões de sua existência? ...de se perguntarem sobre o passado e sobre o futuro, sobre a vida e sobre a morte, e sobre tudo que poderia vir depois dela?

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

a ditadura perfeita


A ditadura perfeita terá a aparência da democracia, uma prisão sem muros na qual os prisioneiros não sonharão sequer com a fuga. Um sistema de escravatura onde, graças ao consumo e ao divertimento, os escravos terão amor à sua escravidão. 
Aldous Huxley

domingo, 18 de setembro de 2016

Ciúmes e Inveja

É a mente, a vontade, com seus apegos, desejos, temores, que cria o conflito entre si e a emoção. O amor não é a causa da miséria; são os temores, os desejos, os hábitos da mente que criam a dor, a agonia do ciúme, a desilusão. (…) (Palestras em Ommen, Holanda, 1937-1938, pág. 99)

Tomemos, para exemplo, um sentimento muito comum: o ciúme. Todos sabemos o que é ser ciumento. (…) Quando observais um sentimento, vós sois o observador do ciúme. (…) Tentais modificar o ciúme, alterá-lo. (…) Há, portanto, um ser, um censor, uma entidade separada do ciúme, a qual o observa. Momentaneamente, o ciúme poderá desaparecer, porém volta. (…) (O Homem e seus Desejos em Conflito, 1ª ed., pág. 149-150)

O ciúme, em quase todos nós, se tornou um hábito, e, como todo hábito, tem continuidade. Quebrar o hábito (…) significa estar cônscio do hábito. (…) Nesse estado de total percebimento descobrireis terdes eliminado completamente aquele sentimento habitualmente identificado com a palavra “ciúme”. (Idem, pág. 151)

quinta-feira, 15 de setembro de 2016

observar versus julgar

 

 

O que significa "Observar" para Krishnamurti?

 

 

 

 

 

 


Interrogante: Você nos diz para observarmos nossas ações na vida diária, mas qual é a entidade que decide o que observar e quando? Quem decide se a pessoa deveria observar? 

 Krishnamurti: Você decide observar? Ou você simplesmente observa? Você decide e diz, “Eu vou observar e aprender”? 

Porque então vem a pergunta: “Quem está decidindo?” É a vontade que diz “eu devo...”?


E quando isto falha, ela se castiga e diz, “Eu devo, devo, devo..."

nisso há conflito; portanto, o estado da mente que decidiu observar não é de fato observação